São compreensíveis os cuidados que todo ser humano adota em seus negócios e afazeres mundanos, com vistas à própria tranquilidade. Ele organiza com esmero a casa em que vive. Protege as vantagens imediatas de sua parentela. Preserva de forma apaixonada a segurança dos filhos. Atende, com extremado carinho, ao seu grupo social. Valoriza o que possui. Arranja habilmente o leito calmo e confortável. Seleciona com gosto os pratos que compõem o cardápio do dia. Defende, como pode, a melhoria de suas rendas. Aspira a conquistar um salário mais amplo. Garante o seu direito à frente dos tribunais. Vasculha com avidez o noticiário para saber o que ocorre no mundo. Procura, com pontualidade e respeito, os serviços de médicos e dentistas. Vai ao cabeleireiro. Escolhe com atenção o filme que deseja ver. Examina a moda, ainda que com simplicidade e moderação, como quem cumpre um ritual. Interessa-se por ocorrências políticas e as questiona. Discute de modo veemente a eficiência dos serviços públicos. Tenta, até de forma instintiva, influenciar opiniões e pessoas. Desvela-se em atrair a simpatia de colegas de trabalho, chefes e subordinados. Observa, a cada instante, as condições do tempo. Todos esses comportamentos são compreensíveis, normais e mesmo úteis. Eles traduzem preocupações naturais da existência terrena. No entanto, é preciso cuidado para não transformar questões transitórias e instrumentais no objetivo da vida. Os pequenos interesses e comodidades do dia-a-dia são relevantes, em certa medida. Mas o apego a eles não pode justificar o descuido com questões magnas da experiência humana. É compreensível que alguém gaste tempo na busca de conforto, segurança e bem-estar material. Mas é incompreensível que não dedique alguns minutos de seu dia para refletir sobre a transitoriedade dos recursos humanos. Afinal, absolutamente nada do que é material poderá ser levado no retorno à pátria espiritual. Não há conquista, cuidado ou dedicação a algo físico cujo resultado perdure mais do que algumas décadas. Na jornada para o Além-túmulo, somente os bens do Espírito seguem na bagagem. Da mesma forma que, ao renascer, apenas são trazidas as conquistas espirituais, entre elas as virtudes e inteligência. Não se trata de convite a fixar a mente na ideia obcecante da morte. Mas de concluir que, nessa ou naquela convicção, ninguém foge do porvir. O Senhor Jesus afirmou: Andai enquanto tendes luz. Isso quer dizer que é preciso aproveitar a luz do mundo para acender a luz do próprio íntimo. Pense nisso. |
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LXV, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
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