“O pensamento escolhe. A Ação realiza. O homem conduz o barco da vida com os remos do desejo e a vida conduz o homem ao porto que ele aspira a chegar. Eis porque, segundo as Leis que nos regem, a cada um será dado segundo suas próprias obras”.

(Emmanuel)

sábado, 31 de março de 2012

Pai Joaquim



" Meu filho, a palavra adoecer combina com:
Rever, Crer, Ler, Perder, Entender, Fortalecer.
Quem está acamado, tem tanto trabalho a fazer por dentro que não tem tempo para:
Amolecer, Descrer e Morrer.
O negócio é viver, minha gente, viver para não morrer na véspera."

( Pai Joaquim por De Lucca ) 

sexta-feira, 30 de março de 2012

Nosso corpo



Um elegante homem de meia idade entrou calmamente em um café e se sentou. Antes de fazer seu pedido, ele pôde perceber que um grupo de rapazes, sentado a uma mesa próxima, estava rindo dele.
Logo deduziu que o motivo era uma pequena faixa rosa na lapela de seu terno. Incomodado com a situação, mostrou a faixa aos rapazes e perguntou:
É isto?
Todos gargalharam. Um deles disse:
Desculpe-me, mas estávamos comentando como essa pequena faixa fica bonita no seu terno azul.
O riso foi geral. O homem, tranquilamente, convidou o que falara para se sentar com ele.
Embora constrangido, ele concordou. Educadamente, o homem lhe explicou que estava usando a faixa para alertar as pessoas sobre o câncer de seio. E terminou:
Eu uso isto em honra da minha mãe.
Lamento muito, falou depressa o jovem. Ela morreu de câncer nos seios?
Não. Ela está viva e passa bem. Entretanto, seus seios alimentaram-me na infância e me confortaram quando estava assustado ou me sentia solitário. Sou muito grato pelos seios de minha mãe e por sua saúde.
O rapaz não estava entendendo e por isso só murmurou: Sei.
Mas o homem prosseguiu: E eu uso esta faixa em honra de minha esposa também.
Ela está ok? Logo questionou o jovem.
Claro, falou o homem. Ela está ótima. Ela nutriu e alimentou nossa filha há vinte e três anos. Sou agradecido por seus seios e por sua saúde.
Suponho, ousou dizer o rapaz, que você use isso em honra de sua filha também?
Não, respondeu. É muito tarde para honrar minha filha, usando isto agora. Minha filha morreu de câncer nos seios há um mês.
Ela pensou que era muito jovem para ter esta doença. Quando, acidentalmente, notou um pequeno inchaço nos seios, ela o ignorou. Pensou que estava tudo bem. Afinal, ela não sentia dores e acreditava que não tinha motivos para se preocupar.
É em memória de minha filha que uso esta faixa rosa. Por causa dela, tenho tido oportunidades de esclarecer muitas pessoas. Agora, vá para casa, converse com sua esposa, suas filhas, sua mãe e seus amigos.
Finalmente, o homem deu para o rapaz uma faixa rosa para que ele usasse. Erguendo a cabeça, lentamente, o rapaz perguntou:
Você me ajuda a colocá-la?

*   *   *

Você mora no seu corpo. Pense que as máquinas modernas dão ao homem muitas facilidades.
No entanto, valeriam muito pouco sem o concurso das mãos.
Os aviões podem elevar você às alturas. Contudo, no dia-a-dia, você se equilibra em seus pés.
Os grandes telescópios são maravilhas do mundo, mas não serviriam para nada sem os olhos.
A música é o cântico do Universo, entretanto, passaria despercebida sem os ouvidos.
Enfim, pense que o seu corpo é um engenho Divino que a vida empresta a você, para sua permanência na Terra.
Cuide do seu corpo com serenidade e bom senso. Pense que, embora a ciência consiga tratá-lo, e até mesmo substituir alguns dos seus órgãos, ninguém, na Terra, encontra corpo novo para comprar.




Redação do Momento Espírita, com base em artigo assinado por Heraldo Espozel e no cap. 54, do Livro da esperança, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Os dons



Narra uma lenda de autor desconhecido que um homem entrou em uma loja e se aproximou do balcão.
Quem estava a atender era uma criatura maravilhosa. Tão bela que parecia uma fada, dessas saídas de um conto infantil.
O homem olhou para os lados e perguntou: O que é que você tem para vender?
Com um sorriso lindo, a jovem respondeu: Todos os dons.
O homem arregalou os olhos, manifestando interesse, e quis saber qual era o preço. Seria muito caro?
Não, foi a resposta. Aqui, nesta loja, tudo é de graça.
Ele olhou, maravilhado, jarros cheios de amor, vidros repletos de fé, pacotes de esperança e caixinhas de sabedoria.
Resolveu fazer o seu pedido: Por favor, quero muito amor, um vidro de fé, bastante felicidade para mim e toda a minha família.
Com presteza, a moça preparou tudo e lhe entregou um embrulho muito pequeno, que cabia na sua mão.
O homem se mostrou surpreso e perguntou outra vez:
Será possível? Está tudo aqui mesmo? É tão pequeno o embrulho!
Sorrindo sempre, a jovem falou: Meu querido amigo, nesta loja, onde temos todos os dons, não vendemos frutos. Concedemos apenas as sementes.
*   *   *
As sementes das virtudes se encontram em nós. Somos a loja dos dons. O que necessitamos é investir na semeadura.
Se desejamos que frutifique o amor, é preciso que nos disponhamos a amar. E o exercício começa quando executamos bem as tarefas que nos constituem dever. Prossegue no trato familiar, com pais, irmãos, cônjuges e se amplia no rol das amizades.
Depois, atravessa a cerca dos afetos e passa a agir entre aqueles que simplesmente encontramos na rua, no ônibus, no mercado, no banco.
A fé não é adquirida de rompante. Necessita ser pensada, estudada, reflexionada. O exercício inicia com a contemplação da natureza. Os dias frios, os dias quentes, o sol, a lua, as estrelas, as árvores que balançam ao vento e as flores multicoloridas nos jardins.
Alonga-se com a visão dos mundos, das coisas infinitamente pequenas e daquelas infinitamente grandes. A harmonia de tudo nos remete a uma confiança irrestrita, uma certeza inabalável que se chama fé.
A felicidade frutifica quando, plenos de amor e de fé, vivemos cada dia com intensidade, sem igual, saboreando cada minuto como se fosse o único, o último, o derradeiro.

*   *   *

Mudar é um ato de coragem. É a aceitação plena e consciente do desafio.
É trabalho árduo, para hoje. É trabalho duro, para agora.
E os frutos seguramente virão no amanhã, talvez não muito distante.
Mas, quando temos certeza de estar no rumo certo, a caminhada é tranquila.
Quando temos fé e firmeza de propósito é fácil suportar as dificuldades do dia-a-dia.
Pensemos nisso. Invistamos nas virtudes ainda hoje.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. Dons, de autor desconhecido e no cap. É preciso sentir a mudança lá dentro, de R. Anatoli Oliynik, do livro Momentos de luz, organizado por Hiran Rocha, v. 1, ed. Kuarup.

quarta-feira, 28 de março de 2012

A esperança nunca morre



O asilo de idosos recebeu naquela manhã mais uma senhora.
Chegou calada, sentou-se em uma cadeira de rodas e mergulhou em lágrimas. O semblante traduzia a desesperança e a mágoa pelo abandono.
Notava-se que o seu único intuito era aguardar a morte. Parecia que a sua volta tudo já morrera, igualmente.
Foi então que um jovem, que costumava visitar os idosos com regularidade, se aproximou.
Tentou conversar. Mas ela se mantinha calada, num protesto mudo de rejeição aos homens que a haviam deixado ali. Longos suspiros escapavam do seu peito e as lágrimas rolavam, silenciosas.
O rapaz brincou, perguntou e insistiu. Ela não conseguiu resistir. Sorriu e acabou por contar a triste história de sua vida.
Fora uma mulher muito rica. Com o marido, administrava sete fazendas. Com a morte dele, ela assumira os compromissos, ao tempo que cuidava da única filha.
Quando a filha se casou, estranhamente foi se acercando da mãe. Começou a se interessar pelos negócios. Depois, foi a vez do genro. Tarefas divididas. Esforços somados.
Ela pensava em como tudo, um dia, deveria ficar para a filha e os netos. Talvez ela, em sua velhice, pudesse realizar algumas viagens que nunca se permitira.
Aos setenta e dois anos, por insistência da filha, passou-lhe uma procuração, concedendo-lhe amplos poderes.
Fora seu erro. Em plena posse de tudo o que um dia seria seu por direito, a filha aliou-se ao marido e, em doloroso processo, conseguiu que a mãe fosse declarada incapaz.
Por fim, a colocaram naquele asilo, sem recursos. Não era para morrer de desgosto? - Concluiu a senhora.
O jovem, reconhecendo nela os valores da liderança, da capacidade de trabalho, lhe falou do quanto ela poderia enriquecer outras vidas.
Ela era uma pessoa com experiência administrativa. Por que não se dispor ao trabalho naquela instituição, auxiliando o serviço de voluntários e funcionários?
Por que não reunir aqueles idosos todos, sem esperança, e lhes falar da terra, de grãos, produção, gado, semeaduras?
Afinal, muitos deles vinham do campo e, com certeza, gostariam de ouvir sobre o que fora a tônica das suas vidas, por um largo tempo.
Ela ouviu, ouviu e aceitou a ideia.
Levantou-se da cadeira de rodas onde se jogara e começou a agir. Sua filha e seu genro lhe haviam usurpado os bens, arrancando-lhe as possibilidades de viver como desejasse. Mas não podiam lhe destruir as conquistas interiores.
Ela tinha valor e esse valor podia ser usado em prol de outros desesperançados.
Ergueu-se, sacudiu a poeira da mágoa e começou a fazer sol em outras vidas, inundando-se de luz.

*   *   *

Se você está triste porque foi abandonado, lembre-se dos que nunca tiveram família, lar e afetos.
Se você está magoado porque lhe feriram, não permita que isso destrua o restante da sua vida.
Ninguém lhe pode tirar as conquistas realizadas, os talentos conseguidos e a imensa capacidade de amar que temos todos nós, Espíritos imortais, filhos de Deus.

 
Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 27 de março de 2012

Ante o erro



O discurso mundano fornece desculpas para quase tudo.
Basta olhar em volta para identificar alguém que se permite bastante coisa.
A depender do modelo que se adota, é fácil esquecer os parâmetros morais.
Há quem justifique o abandono de sagrados deveres com a busca da felicidade.
Acredita que os prazeres constituem oportunidade rara e necessitam ser imediatamente fruídos.
Nessa linha, para viver uma alardeada grande paixão, não hesita em menoscabar o tesouro que representa sua construção familiar.
Outro, no empenho de enriquecer, cede à tentação da desonestidade.
E assim a criatura humana se complica.
De sonho em sonho, de desatino em desatino, ela desce a ladeira moral.
O problema é o que vem depois da fantasia realizada.
Quando as emoções tumultuosas arrefecem, quando a paixão se apaga.
Em geral, o que parece cintilante na imaginação possui outro aspecto na vivência diária
É então que muitas vezes o arrependimento surge com seu gosto amargo.
O que se sacrificou retoma seu natural valor e sua ausência angustia: a família desfeita, as amizades rompidas, a sociedade esgarçada, o bom nome perdido.
Mais grave ainda é a culpa pelo agir equivocado.
Antes de se lançar em atitudes radicais e egoístas, convém pensar nos anos que se lhes seguirão.
Dentro de algum tempo, como se verá esse comportamento?
Outra reflexão interessante é como seria classificada conduta semelhante em um desafeto.
Malgrado todos os sonhos que agitam a alma humana, algumas realidades não podem ser ignoradas.
Uma delas é que não há felicidade sem paz de consciência.
É impossível construir a própria ventura enquanto se semeia a tragédia nos caminhos alheios.
Ninguém fere sem se ferir, em igual medida.
Talvez se logre calar a consciência um tempo.
No tumulto da paixão, quiçá tudo o mais pareça de pouca importância.
Contudo, é inevitável um encontro com a própria realidade íntima.
Cedo ou tarde, ele se produz, para júbilo ou desgraça da criatura.
Para quem se agita muito, costuma demorar um pouco mais.
Mas a vida trata de produzi-lo.
Ela dispõe de altos meios para desencadear salutares reflexões.
Talvez propicie a vivência de uma traição semelhante à praticada.
Ou surja na figura de uma enfermidade que tire todo o sabor das conquistas indignas.
De todo modo, no ocaso da vida, quando as ilusões perdem a força, a consciência se agiganta no imo do ser.
Para evitar amargos arrependimentos, convém pensar hoje nas consequências do que se faz.


 Redação do Momento Espírita.

domingo, 25 de março de 2012

SUOR E LÁGRIMAS SUOR E LÁGRIMAS



Suor é trabalho. Lágrimas é sofrimento. Com o suor aprendemos. Com a lágrima 


purificamos. O trabalho esclarece. O sofrimento redime. 


Sem suor o mundo agonizaria na inércia. Sem lágrimas a consciência se perderia no erro. 


Sem trabalho não teríamos a escola que habilita o 


homem ao progresso. Sem o sofrimento não encontraríamos o santuário de nossa redenção 


para a imortalidade. Com o suor engrandecemos 


a passagem pela Terra. Com a lágrima rasgamos a senda para o Céu. Suando, 


aperfeiçoamo-nos. Sofrendo, santificamo-nos. Aceitemos no 


suor e nas lágrimas nossos guias para a ascensão a Deus. Suando e sofrendo, guardemos a 


certeza de que construiremos as asas divinas 


que nos transportarão das sombras do mundo à glória da Vida Eterna.



Scheilla / Médium Chico XavierLivro: Relicário de Luz (extrato) - Ed. FEB

sábado, 24 de março de 2012

Página do caminho



Para se lançar nas atividades do bem, não aguarde o companheiro perfeito.
A perfeição não costuma se fazer presente na rota dos seres em evolução.
Você esperava ansiosamente a criatura irmã para formar o lar mais ditoso.
Entretanto, o matrimônio lhe trouxe alguém a reclamar sacrifício e ternura.
Contava com seu filho para ser um amigo próximo e fiel, a compartilhar seus sonhos e ideais.
Contudo, ele alcançou a mocidade e fez-se homem sem se interessar por seus projetos.
Você se amparava no companheiro de ideal, que lhe parecia digno e dedicado.
Mas, de um momento para o outro, a amizade pura degenerou em discórdia e indiferença.
Mantinha fé no orientador que parecia venerável, em suas palavras sábias e em seus atos convincentes.
No entanto, um dia ele caiu de modo formidável, arrastado por tentações de que não se preveniu a contento.
É compreensível e humana a dor de ver ruírem esperanças e relações.
Contudo, embora mais solitário, continue firme no trabalho edificante que lhe constitui o ideal.
Cada homem carrega consigo seus potenciais e dificuldades.
A queda e a deserção de um não justificam as de outro.
Sempre é possível mirar-se em quem cai e passa a rastejar.
Entretanto, convém antes pensar nos que seguem adiante, altivos e valorosos.
De um modo ou de outro, cada homem responde pelas consequências que gera.
Na hora de enfrentá-las, será de pouco conforto lembrar que outros também padecem pela adoção de semelhante conduta.
É normal desejar companheiros de ideais e afeições puras nas quais se fortaleça.
Mas, quase sempre, aqueles a quem você considera como os afetos mais doces possuem importantes fragilidades.
Deseja que sejam autênticos sustentáculos na luta, quando simbolizam tarefas que solicitam renúncia e amor de sua parte.
Se deseja viver no bem, não valorize o gelo da indiferença e o fel da incompreensão.
Lembre-se de que o coração mais belo que pulsou entre os homens respirava na multidão e seguia só.
Possuía legiões de Espíritos angélicos.
Mas aproveitou o concurso de amigos frágeis que O abandonaram na hora extrema.
Ajudava a todos e chorou sem ninguém.
Mas, ao carregar a cruz, no monte áspero, continuou a legar preciosas lições à Humanidade.
Ensinou que as asas da Imortalidade podem ser extraídas do fardo de aflição.
Também mostrou que, no território moral do bem, alma alguma caminha solitária.
Embora a aparente derrota no mundo, todas seguem amparadas por Deus rumo a destinos gloriosos.
Pense nisso.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 33, do livro O
Espírito da Verdade, por Espíritos diversos, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Beneficência e Caridade



A beneficência alivia a provação.

A caridade extingue o mal.

A beneficência auxilia.

A caridade soluciona.


*

Distribuirás a mancheias algo do ouro que se te derrama da bolsa, entretanto, se nesse algo 


não puseres a luz de teu amor, em forma de respeito e carinho, ante as chagas do 


semelhante, não terás construído nele a compreensão que o fará reconciliar-se consigo 


próprio.




*

Oferecerás de tua inteligência preciosos recursos aos que desesperam na ignorância, mas, se 



furtas à lição a benção da simpatia, não estenderás ao companheiro que o sofrimento 


enceguece a claridade precisa.


*

Não é dádiva de tua abastança ou o valor de tua cultura que importam no serviço de 



elevação e aprimoramento da paisagem que te rodeia.

É o modo com que passas a exprimi-los, cedendo de ti mesmo naquilo que o Senhor te 



emprestou para distribuir, porquanto a atitude é o fator de fixação desse ou daquele 


sentimento no vasto caminho humano.


*

Vale mais o exemplo vivo de compaixão que a frase adornada de exaltação à virtude 



pronunciada tão-somente com a boca e aparece com mais beleza o gesto de fraternidade 


que a esmola reconfortante suscetível de ser espalhada por ti simplesmente com o esforço 


mecânico do braço.


*

Isso, porque todos precisamos de renovação interior para o acesso aos tesouros do espírito 



e, fazendo o bem, com o impulso de nossas próprias almas, valorizaremos a palavra com 


que venhamos a emiti-lo, edificando a vida em nós e junto de nós, com o próximo e 


conosco, realizando sempre o melhor.




XAVIER, Francisco Cândido. Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel. IDE. Capítulo 7.


* * * Estude Kardec * * *

quarta-feira, 21 de março de 2012

Gentilezas Salvadoras



Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em 


sociedade, como na intimidade. (Alan Kardec. E.S.E. Cap. IX. Item 6.)

Quando você afasta do piso uma casca de fruta deixada pela negligência de alguém, não 



pratica apenas um ato de gentileza. Evita que algum desavisado escorregue, sofrendo tombo 


violento.

*

Ao ceder o lugar no transporte coletivo a um ancião, você não realiza um gesto de cortesia 



somente. Atende a um corpo cansado, poupando as energias de quem poderia ser seu 


genitor.


*


Se você oferece braço moço à condução de um volume, poupando aquele que o carrega, 


não pratica unicamente uma delicadeza. Contribui fraternalmente para o júbilo de alguém 


que, raras vezes, encontra ajuda.


*

Portando a boa palavra em qualquer situação, você não atende exclusivamente à finura do 


trato. Realiza entre os ouvintes o culto do verbo são, donde fluem proveitosos e salutares 


ensinamentos.


*

Silenciando uma afronta em público, você não atesta apenas o refinamento social. Poupa-se 



à dialogação violenta, que dá margem a ódios irremediáveis.


*

Se você oferece agasalho a algum desnudo, não só atende à delicadeza humana, por 



filantropia. Amplia a cultura da caridade pura e simples.


*

Ao sorrir, discretamente, dando ensejo a um desafeto de refazer a amizade, você não age 



tão-somente em tributo à educação. Apaga mágoas e ressentimentos, enquanto "está no 


caminho com ele".


*


Procurando ajudar um enfermo cansado a galgar e vencer dificuldades, você não procede 


imbuído apenas de gentileza. Coopera para que a vida se dilate no debilitado, propiciando-


lhe ensejos evolutivos.


*

Atendendo impertinente criança que o molesta, num grupo de amigos, você não se situa só 



na formosura da conduta externa. Liberta um homem futuro de uma decepção presente.

No exercício da gentileza, a alma dilata recursos evangélicos e vive o precioso ensino do 



Mestre ao enfático doutor da lei, com afabilidade e doçura, quando Ele afirmou: "Vai e faze o 


mesmo!".


FRANCO, Divaldo Pereira. Glossário Espírita-Cristão. Pelo Espírito Marco Prisco. LEAL.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Não nos permitamos



Refletindo sobre nossos companheiros de jornada, é provável que, em alguns momentos da vida, nos deparemos com uma angustiante questão.
Olhamos para nossos pais, cônjuge, filhos ou amigos e nos perguntamos: Quando foi a última vez que recebi ou que lhes ofertei um abraço?
O toque, seja através do afago, do beijo ou do abraço expressa nossos sentimentos, enche a vida de ternura e aquece a alma de quem o oferece e de quem o recebe.
As manifestações sinceras de afeto fazem as pessoas se sentirem amadas e queridas pois demonstram o amor que as envolve.
Ter a liberdade de falar sobre os sentimentos e expressá-los, com equilíbrio e sensatez, também mantém apertados os laços que nos unem às pessoas com as quais nos relacionamos.
Ao constatarmos a distância estabelecida sutilmente entre os afetos, uma grande tristeza nos invade. É o momento em que  nos questionamos: Quando e como começou a ser estabelecida essa distância?
Como pudemos permitir que chegasse a esse ponto? Quem foram os responsáveis? E agora? Como fazer para construir novamente essa ponte de ligação com as pessoas amadas?
Olhamos para trás buscando as respostas, na tentativa de começar a construir um caminho diferente, uma nova aproximação.
Muitas vezes, essas respostas não serão facilmente encontradas pois, por mais que busquemos nos arquivos de nossa memória, será difícil identificar o registro de quando foi que tudo começou.
Essa análise do passado é importante, pois descobrindo onde erramos, podemos, a partir dessa constatação, agir de outra forma.
Verificamos então, que talvez tenhamos nos permitido adotar algumas atitudes que podem ter nos distanciado lenta e gradativamente dos seres amados.
Foi o Bom dia deixado de lado pela pressa de começar logo as atividades de mais uma jornada de trabalho; o Boa noite esquecido, vencido pelo cansaço.
Os sentimentos ocultados pela quietude diária, onde cada um se envolve apenas com suas próprias questões pessoais.
A falta de compreensão e de companheirismo, o egoísmo, as mentiras sutis, as mágoas acumuladas e os pequenos desentendimentos.
Essas atitudes são como gotas pequeninas que, com o tempo, se transformam em imensos oceanos.
E quando nos damos conta, não mais sabemos atravessar esse espaço e tocar alguém que tanto estimamos.

*   *   *

Não deixemos que isso aconteça pois transpor essa distância que construímos é uma difícil tarefa.
Não nos permitamos deixar de dar o sorriso de boas vindas, o abraço de despedida, o afago de boa noite e de bom dia. Esse esquecimento pode significar o início dessa barreira invisível que se forma entre as pessoas.
Falar sobre os sentimentos, perguntar com interesse como vai o outro, escutar, importar-se, perceber o que incomoda, vibrar com o que felicita, dividir as angústias e as alegrias, faz muita diferença.
Lembremos que todas as manifestações sinceras de carinho e amor são vibrações que envolvem o próximo, aquecem as almas, alegram e embelezam a vida.


Redação do Momento Espírita.

domingo, 18 de março de 2012

Lucros



No Evangelho, há uma interessante passagem conhecida como A parábola do rico insensato.
Trata-se de um homem que havia trabalhado muito para ajuntar bens.
Quando finalmente se deu por satisfeito, propôs-se a gozar de sua fortuna.
Contudo, o Senhor da vida deliberou nessa mesma noite promover o regresso do rico ao plano espiritual.
Daí se colocou a questão: Para quem seria tudo o que ele tinha ajuntado?

*   *   *

Essa lição não poderia ser mais atual.
Em todos os agrupamentos humanos, palpita a preocupação de ganhar.
O espírito de lucro alcança os setores mais singelos.
Meninos, mal saídos da primeira infância, mostram-se interessados em amontoar egoisticamente alguma coisa.
Mães numerosas abandonam seu lar a desconhecidos, a fim de experimentarem a mina lucrativa.
Pais deixam de dar atenção a sua família, enquanto multiplicam ao extremo as horas de trabalho.
Nesse sentido, a maioria das criaturas converte a marcha evolutiva em corrida inquietante.
No entanto, por trás do sepulcro, ponto de chegada de todos os que saíram do berço, a verdade aguarda o homem e interroga: O que você trouxe?
O infeliz tende a responder que reuniu vantagens materiais.
Diz que se esforçou para assegurar a posição tranquila de si mesmo e dos seus.
Examinada, porém, a sua bagagem, quase sempre as pretensas vitórias são derrotas fragorosas.
Elas não constituem valores da alma, nem trazem o selo dos bens eternos.
Atingida semelhante equação, o viajor olha para trás e sente frio.
Prende-se, de maneira inexplicável, aos resultados de tudo o que amontoou na crosta da Terra.
A sua consciência se enche de sombrias nuvens.
E a voz do Evangelho lhe soa aos ouvidos: Pobre de você, porque seus lucros foram perdas desastrosas.
E o que tem ajuntado, para quem será?
É importante meditar sobre essa lição enquanto se está a caminho.
Os bens do mundo são preciosos enquanto instrumentos de realização da paz.
O trabalho é um meio de vida e não de morte.
A título de enriquecer ou ter mais conforto não compensa esquecer o essencial.
É inútil brindar os filhos com coisas e não se fazer presente em suas vidas, com palavras e exemplos dignos.
As posições tão cobiçadas no mundo sempre terminam por trocar de mãos.
Constitui loucura convertê-las no objetivo da existência.
É preciso viver no mundo, sem ser do mundo.
Fazer os sacrifícios necessários à vida na Terra.
Mas jamais esquecer que se está apenas de passagem por ela, com destino ao infinito.
Pense nisso.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 56 do
livro 
Caminho, verdade e vida, pelo Espírito Emmanuel,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.