“O pensamento escolhe. A Ação realiza. O homem conduz o barco da vida com os remos do desejo e a vida conduz o homem ao porto que ele aspira a chegar. Eis porque, segundo as Leis que nos regem, a cada um será dado segundo suas próprias obras”.

(Emmanuel)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mediunidade no tempo de Jesus

“Se alguém julga ser profeta ou inspirado pelo Espírito, reconheça um mandamento do Senhor nas coisas que estou escrevendo para vocês” (PAULO, aos coríntios).

Introdução

A mediunidade é uma faculdade humana que consiste na sintonia espiritual entre dois seres. Normalmente, a usamos para designar a influência de um Espírito desencarnado sobre um encarnado, entretanto, julgamos que, acima de tudo, por se tratar de uma aquisição do Espírito imortal, pouco importa a situação em que se encontram esses dois seres, para que se processe a ligação espiritual entre eles.
É comum que ataques ao Espiritismo ocorram por conta desse “dom”, como se ele viesse a acontecer exclusivamente em nosso meio. Ledo engano, pois, conforme já o dissemos, é uma faculdade humana, e assim sendo, todos a possuem, variando apenas quanto ao seu grau.
Os detratores querem, por todos os meios, fazer com que as pessoas acreditem que isso é coisa nova, mas podemos provar que a mediunidade não é coisa nova e que até mesmo Jesus dela pode nos dar notícias. É o que veremos a seguir.
A mediunidade e Jesus
Quando Jesus recomenda a seus doze discípulos a divulgação de que o “reino do Céu está próximo” fica evidenciado, aos que estudaram ou vivenciam esse fenômeno, que o Mestre estava falando mesmo era da faculdade mediúnica. Entretanto, por conta dos tradutores ou dos teólogos, essa realidade ficou comprometida no texto bíblico. Entretanto, como é impossível “tapar o sol com uma peneira”, podemos perfeitamente identificá-la, apesar de todo o esforço para escondê-la.
O evangelista Mateus narra o seguinte:
Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. (10,16-20).
A primeira observação que faremos é que por ter tentado a Eva, dizem que a serpente seria o próprio satanás, entretanto, isso fica estranho, porquanto o próprio Jesus nos recomenda sermos prudentes como as serpentes. Esse fato demonstra que tal associação é apenas fruto do dogmatismo que só produz o fanatismo religioso.
Essa fala de Jesus é inequívoca quanto ao fenômeno mediúnico: “não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês”, e arremata: “Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. A tentativa de esconder o fenômeno fica por conta da expressão “o Espírito do Pai”, quando a realidade é “um Espírito do Pai” a mudança do artigo indefinido para o artigo definido tem como objetivo principal desvirtuar a fenomenologia em primeiro plano e em segundo, mais um ajuste de texto bíblico para apoiar a trindade divina copiada dos povos pagãos.
O filósofo e teólogo Carlos Torres Pastorino abordando a questão da mudança do artigo, diz:
“...Novamente sem artigo. Repisamos: a língua grega não possuía artigos indefinidos. Quando a palavra era determinada, empregava-se o artigo definido ‘ho, he, to’. Quando era indeterminada (caso em que nós empregamos o artigo indefinido), o grego deixava a palavra sem artigo. Então quando não aparece em grego o artigo, temos que colocar, em português, o artigo indefinido: UM espírito santo, e nunca traduzir com o definido: O espírito santo”. (Sabedoria do Evangelho, volume 1, pág 43).
Se sustentarmos a expressão “o Espírito do Pai” teremos forçosamente que admitir que o próprio Deus venha a se manifestar num ser humano. Pensamento absurdo como esse só pode ser pela falta de compreensão da grandeza de Deus. Dizem os cientistas que no cosmo há 100 bilhões de galáxias, cada uma delas com cerca de 100 bilhões de estrelas, fazendo do Universo uma coisa fora do alcance de nossa limitada imaginação, mas, mesmo que a custa de um grande esforço, vamos imaginar tamanha grandeza. Bom, façamos agora a pergunta: o que criou tudo isso? Diante disso, admitir que esse ser possa estar pessoalmente inspirando uma pessoa é fora de proposto, coisa aceitável a de povos primitivos, cujos conhecimentos não lhes permitem ir mais longe, por restrição imposta pelo seu hábitat.
A mediunidade no apostolado
Um fato, que reputamos como de inquestionável ocorrência da mediunidade, aconteceu logo depois da morte de Jesus, quando os discípulos reunidos receberam “como que línguas de fogo” e começaram a falar em línguas, de tal sorte que, apesar da heterogeneidade do povo que os ouvia, cada um entendia o que falavam em sua própria língua. Fato extraordinário registrado no livro Atos dos Apóstolos, desta forma:
“Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, todos se reuniram e ficaram confusos, pois cada um ouvia, na sua própria língua, os discípulos falarem”. (Atos 2, 1-6).
Aqui podemos identificar o fenômeno mediúnico conhecido como xenoglossia, que na definição do Aurélio é: A fala espontânea em língua(s) que não fora(m) previamente aprendida(s). Mas, como da vez anterior, tentam mudar o sentido, para isso alteram o artigo indefinido para o definido, quando a realidade seria exatamente que estavam “repletos de um Espírito santo (bom)”.
Fato semelhante aconteceu, um pouco mais tarde, nomeado como o Pentecostes dos pagãos:
“Pedro ainda estava falando, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra. Os fiéis de origem judaica, que tinham ido com Pedro, ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo também fosse derramado sobre os pagãos. De fato, eles os ouviam falar em línguas estranhas e louvar a grandeza de Deus...” (At 10, 44-46).
Episódio que confirma que “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10,34), daí podermos estender à mediunidade como uma faculdade exclusiva a um determinado grupo religioso, mas existindo em todos segmentos em suas expressões de religiosidade.
A mediunidade como era “transmitida”
A bem da verdade não há como ninguém transmitir a mediunidade para outra pessoa, entretanto, pelos relatos bíblicos, a imposição das mãos fazia com que houvesse sua eclosão, óbvio que naqueles que a possuíam em estado latente. Vejamos algumas situações em que isso ocorreu.
Em Atos 8, 17-18:
“Então Pedro e João impuseram as mãos sobre os samaritanos, e eles receberam o Espírito Santo. Simão viu que o Espírito Santo era comunicado através da imposição das mãos. Dêem para mim também esse poder, a fim de que receba o Espírito todo aquele sobre o qual eu impuser as mãos”.
Simão era um mago que, com suas artes mágicas, deixava o povo da região de Samaria maravilhado. Mas, ao ver o “poder” de Pedro e João, ficou impressionado com o que fizeram, daí lhes oferece dinheiro a fim de que dessem a ele esse poder, para que sobre todos os que ele impusesse as mãos, também recebessem o Espírito Santo.
Em Atos 19, 1-7:
“Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões mais altas e chegou a Éfeso. Encontrou aí alguns discípulos, e perguntou-lhes: ‘Quando vocês abraçaram a fé receberam o Espírito Santo?’ Eles responderam: ‘Nós nem sequer ouvimos falar que existe um Espírito Santo’. Paulo perguntou: ‘Que batismo vocês receberam?’ Eles responderam: ‘O batismo de João’. Então Paulo explicou: ‘João batizava como sinal de arrependimento e pedia que o povo acreditasse naquele que devia vir depois dele, isto é, em Jesus’. Ao ouvir isso, eles se fizeram batizar em nome do Senhor Jesus. Logo que Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram, ao todo, doze homens”.
Será que podemos entender que o batismo de Jesus é “receber o Espírito Santo”, conseguido pela imposição das mãos? A narrativa nos leva a aceitar essa hipótese, apenas mantemos a ressalva feita anteriormente quanto à expressão “o Espírito Santo”.
A mediunidade como os dons do Espírito
Na estrada de Damasco, Paulo, que até então perseguia os cristãos, numa ocorrência transcendente, se encontra com Jesus, passando, a partir daí, a segui-lo. Durante o seu apostolado se comunicava diretamente com o Espírito de Jesus, demonstrando sua incontestável mediunidade.
Aliás, o apóstolo Paulo foi quem mais entendeu do fenômeno mediúnico, tanto que existem recomendações preciosas de sua parte aos agrupamentos cristãos de então. Ele o chamava de “dons do Espírito”. “Sobre os dons do Espírito, irmãos, não quero que vocês fiquem na ignorância” (1Cor 12,1), mostrando-se interessado em que todos pudessem conhecer tais fenômenos.
E esclarece o apóstolo dos gentios:
“Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. Mas é o único e mesmo Espírito quem realiza tudo isso, distribuindo os seus dons a cada um, conforme ele quer”. (1 Cor 12,4-11).
Novamente, mudando-se “o Espírito” para “um Espírito”, estaremos diante da faculdade mediúnica, basta “ter olhos de ver”.
Ao que parece, naquela época, os médiuns se preocupavam mais com a xenoglossia Paulo para desfazer esse engano novamente faz outras recomendações aos coríntios (1Cor 14,1-25). Disse ele:
“...aspirem aos dons do Espírito, principalmente à profecia. Pois aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o entende, pois ele, em espírito, diz coisas incompreensíveis. Mas aquele que profetiza fala aos homens: edifica, exorta, consola. Aquele que fala em línguas edifica a si mesmo, ao passo que aquele que profetiza edifica a assembléia. Eu desejo que vocês todos falem em línguas, mas prefiro que profetizem. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a menos que este mesmo as interprete, para que a assembléia seja edificada...”.
Conclusão
Como apregoa a Doutrina Espírita o fenômeno mediúnico nada mais é que uma ocorrência de ordem natural. Podemos identificá-lo desde os mais remotos tempos da humanidade, e não poderia ser diferente, pois, em se tratando de uma manifestação de uma faculdade humana, deverá ser mesmo tão velha quanto a permanência do homem aqui na Terra.
Mas, infelizmente, a intolerância religiosa, a ignorância e, por vezes, a má-vontade, não permitiu que fosse divulgada da forma correta, ficando mais por conta de uma ocorrência sobrenatural, que só acontecia a uns poucos privilegiados. Coube ao Espiritismo a desmistificação desse fenômeno, bem como a sua explicação racional. Kardec nos deixou um legado importantíssimo para todos que possam se interessar pelo assunto, quando lança O Livro dos Médiuns, que recomendamos aos que buscam o conhecimento dessa fenomenologia, ainda muito incompreendida em nossos dias.
Referência bibliográfica.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O EXERCÍCIO DO AMOR AO PRÓXIMO


 
A maneira correta de proceder em relação a nosso próximo é tomar consciência plena de si mesmo, das suas tendências à indiferença ou crueldade, bem como ao sentimentalismo. É fundamental realizar consigo mesmo a técnica PARDA.
A realização desta reflexão profunda sobre si mesmo, vai proporcionar à pessoa, o desenvolvimento do dever consciencial que, ao contrário da culpa geradora da obrigação de realizar ações de benemerência – para anestesiar a ansiedade de consciência – leva a pessoa a exercitar o alo-amor. Conscientizando-se do quanto é boa a solidariedade para com as dificuldades alheias, transmuta a tendência, que muitos de nós ainda trazemos, de sermos indiferentes para com outras pessoas, devido a acomodação.
O dever provém de nossa própria consciência e começa em nós mesmos. O exercício do dever consciencial nos impulsiona a busca do bem, do bom e do belo. O seu exercício está condicionado ao livre-arbítrio.
Podemos passar por cima de nossa consciência, embotando-a ou mascarando-a, mas somente pela autoconscientização é que estaremos transmutando as paixões do egoísmo, egocentrismo, orgulho, para realizar o que a nossa consciência determina, libertando-nos, tanto da indiferença e da crueldade, quanto da ansiedade de consciência.
Essa autoconsciência produz um relacionamento com o próximo, baseado no movimento essencial, direcionado pela nossa essência de amor.
Diante das necessidades do próximo, a pessoa tem uma atitude de solidariedade, empatia e compaixão, isto é, ela colocar-se no lugar do outro, vendo-o como um ser em evolução, assim como ela também o é, com as mesmas necessidades de amar, ser amado e conquistar a felicidade e a plenitude. Ela faz o melhor que pode para ajudar o outro, sem querer resolver o seu problema, pois esta não é a sua função.
Cada um de nós necessita se responsabilizar pela própria vida. Com certeza, não gostaríamos que nos tratassem como coitados e incapazes de nos responsabilizarmos pela nossa própria vida. Por isso, toda ajuda é muito valiosa, desde que essa responsabilidade não seja suprimida.
Com tal postura, a pessoa simplesmente ajuda a outra a se ajudar. Ela age com responsabilidade diante do próximo, mantendo a sua individualidade e respeitando a individualidade dele, ajudando-o a desenvolver a responsabilidade por si mesmo.
O que a motiva é a consciência de si mesmo, como Ser Essencial, dotada da capacidade de amar e servir, fato que a plenifica.
Somente esse movimento essencial ode gerar o verdadeiro amor ao próximo, que é permanente, pois se baseia na empatia, solidariedade e compaixão.
As posturas egóicas são impermanentes, transitórias, gerando relacionamentos superficiais e patológicos, porque são originados do desamor ou pseudo-amor. Somente o amor pode vincular as pessoas umas às outras, através de laços indissolúveis, enquanto os laços do desamor e pseudo-amor são transitórios, como todos os sentimentos que provêm do ego.
Todas as pessoas que utilizam o estilo de vinculação através do ego, um dia despertarão para o verdadeiro vínculo, que pode se dar com a energia do amor. Isso vai nos possibilitar sentir que, em essência, estamos todos ligados pelos laços do amor, laços que transcendem a dimensão transitória do desamor e do pseudo-amor.
Resumindo: diante do nosso próximo, podemos agir de duas formas extremistas egóicas e uma essencial, equilibrada. Num dos pólos egóicos, de forma inconsciente, através da crueldade e indiferença. No outro, de forma pseudoconsciente, por consciência de culpa, geradora do sentimentalismo. O equilíbrio é o meio termo entre os extremos, no qual agimos de forma autoconsciente, gerando o dever consciencial, a compaixão e a solidariedade. Como todos estamos na condição de seres em evolução, ora estagiamos num pólo egóico, ora em outro e, muitas vezes, até em ambos, simultânea ou consecutivamente. Fundamental, portanto que desenvolvamos cada  vez mais em nó o dever consciencial  para que possamos exercitar o amor ao próximo, fazendo aos outros o que gostaríamos que nos fizessem. 

Do livro: PSICOTERAPIA À LUZ DO EVANGELHO DE JESUS
            Alírio de Cerqueira Filho                                             

terça-feira, 28 de junho de 2011

HORA VAZIA II


Cuidado com a hora vazia, sem objetivo, sem atividade.
Nesse espaço, a mente engendra mecanismos de evasão e delira.
Cabeça ociosa é perigo a vista.
Mãos desocupadas, facultam o desequilíbrio que se instala.
Grandes males são maquinados quando se dispõe de espaço mental em aberto.
*
Se, por alguma circunstância, surge-te uma hora vazia, preenche-a com uma leitura salutar, ou uma conversação positiva, ou um trabalho que aguarda oportunidade para execução, ou uma ação que te proporcione prazer...
O homem, quanto mais preenche os espaços mentais com as idéias do bem, mediante o estudo, a ação ou a reflexão, mais aumenta a sua capacidade e conquista mais amplos recursos para o progresso.
Estabelece um programa de realizações e visitas para os teus intervalos mentais, as tuas horas vazias, e te enriquecerás de desconhecidos tesouros de alegria e paz.
Hora vazia, nunca!


Divaldo P. Franco. Da obra: Episódios Diários. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 8. LEAL. 


* * * Estude Kardec * * *

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A HORA VAZIA


Quando as mãos repousam, a mente é defrontada pelo problema da hora vazia.

Se você procura a integração com o Divino Mestre, aprenda a utilizá-la.

Pense no irmão enfermo que reclama Socorro espiritual e auxilie-o com as suas vibrações de carinho, se as circunstâncias lhe não favorecem a visita pessoal.

Plante uma árvore benfeitora.

Busque a companhia do livro edificante e tente fixar-lhe as lições.Tome um lápis e faça anotações que lhe sirvam a memória ou escreva alguma frase consoladora que possa contribuir na sementeira de reconforto e bom ânimo.

Aproveite o ensejo para uma palestra em que vocêu coopere na ressurreição do companheiro que caiu em desalento.

Comente a grandeza do bem, evitando, no entanto, o diapasão do discurso solene, a fim de que você alcance a intimidade dos ouvintes e consiga renová-los.

Medite, a frente da Natureza que oferece espetáculos prodigiosos da Sabedoria Divina, desde a casa minúscula da formiga até o firmamento cravejado de estrelas, recolhendo no imo do ser a essência imperceptível da instrução celestial.

Fixe a atenção em tudo o que seja útil e nobre, bom e belo, e não desvie, porque no repouso dos braços, quando chega o problema da hora vazia, os semeadores do mal encontram larga oportunidade ao plantio da discórdia e da incompreensão, junto do qual, você, imperceptivelmente, começará perdendo o tempo, complicando as próprias lutas e sombreando o caminho terrestre, para depois perder inutilmente a própria vida.

André Luiz
(do livro:Irmãos unidos)

domingo, 26 de junho de 2011

Diante do amanhã


São compreensíveis os cuidados que todo ser humano adota em seus negócios e afazeres mundanos, com vistas à própria tranquilidade.

Ele organiza com esmero a casa em que vive.

Protege as vantagens imediatas de sua parentela.

Preserva de forma apaixonada a segurança dos filhos.

Atende, com extremado carinho, ao seu grupo social.

Valoriza o que possui.

Arranja habilmente o leito calmo e confortável.

Seleciona com gosto os pratos que compõem o cardápio do dia.

Defende, como pode, a melhoria de suas rendas.

Aspira a conquistar um salário mais amplo.

Garante o seu direito à frente dos tribunais.

Vasculha com avidez o noticiário para saber o que ocorre no mundo.

Procura, com pontualidade e respeito, os serviços de médicos e dentistas.

Vai ao cabeleireiro.

Escolhe com atenção o filme que deseja ver.

Examina a moda, ainda que com simplicidade e moderação, como quem cumpre um ritual.

Interessa-se por ocorrências políticas e as questiona.

Discute de modo veemente a eficiência dos serviços públicos.

Tenta, até de forma instintiva, influenciar opiniões e pessoas.

Desvela-se em atrair a simpatia de colegas de trabalho, chefes e subordinados.

Observa, a cada instante, as condições do tempo.

Todos esses comportamentos são compreensíveis, normais e mesmo úteis.

Eles traduzem preocupações naturais da existência terrena.

No entanto, é preciso cuidado para não transformar questões transitórias e instrumentais no objetivo da vida.

Os pequenos interesses e comodidades do dia-a-dia são relevantes, em certa medida.

Mas o apego a eles não pode justificar o descuido com questões magnas da experiência humana.

É compreensível que alguém gaste tempo na busca de conforto, segurança e bem-estar material.

Mas é incompreensível que não dedique alguns minutos de seu dia para refletir sobre a transitoriedade dos recursos humanos.

Afinal, absolutamente nada do que é material poderá ser levado no retorno à pátria espiritual.

Não há conquista, cuidado ou dedicação a algo físico cujo resultado perdure mais do que algumas décadas.

Na jornada para o Além-túmulo, somente os bens do Espírito seguem na bagagem.

Da mesma forma que, ao renascer, apenas são trazidas as conquistas espirituais, entre elas as virtudes e inteligência.

Não se trata de convite a fixar a mente na ideia obcecante da morte.

Mas de concluir que, nessa ou naquela convicção, ninguém foge do porvir.

O Senhor Jesus afirmou: Andai enquanto tendes luz.

Isso quer dizer que é preciso aproveitar a luz do mundo para acender a luz do próprio íntimo.

Pense nisso. 




Redação do Momento Espírita, com base no cap. LXV, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

sábado, 25 de junho de 2011

Feijões ou Problemas???

Reza a lenda que um monge, próximo de se aposentar, precisava
encontrar um sucessor.Entre seus discípulos, dois já haviam dado
mostras de que eram os mais aptos, mas apenas um poderia
sucedê-lo.Para sanar as dúvidas, o mestre lançou um desafio, para
colocar a sabedoria dos dois a prova: ambos receberiam alguns grãos de
feijão que deveriam colocar dentro dos sapatos, para então empreender
a subida de uma grande montanha.

Dia e hora marcados, começa a prova.
Nos primeiros quilômetros, um dos discípulos começou a mancar.
No meio da subida, parou e tirou os sapatos.
As bolhas em seus pés já sangravam, causando imensa dor.
Ficou para trás, observando seu oponente sumir de vista.
Prova encerrada, todos de volta ao pé da montanha, para ouvir do monge
o óbvio anúncio.
Após o festejo, o derrotado aproxima-se e pergunta como é que ele
havia conseguido subir e descer com os feijões nos sapatos:

- Antes de colocá-los no sapato, eu os cozinhei - foi a resposta.

Carregando feijões ou problemas, há sempre um jeito mais fácil de levar a vida.

Problemas são inevitáveis. Já a duração do sofrimento é você quem determina.


     APRENDA A COZINHAR SEUS FEIJÕES!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A vida continua: Laços (Ties) - Project: Direct

CURTA-METRAGEM "ESPÍRITA " ACLAMADO NO YOUTUBE

O curta-metragem abaixo, a nosso ver, é um belo exemplo de que a aposta de Kardec era acertada.
Laços é uma produção brasileira de baixíssimo custo (R$1.500,00!) que arrematou o Project: Direct 2007, concurso de curta-metragens promovido anualmente pelo YouTube. O filme bateu centenas de concorrentes em todo o mundo com um roteiro simples, mas tocante.
Confira:



Quantas obras-primas, de todos os gêneros, as idéias novas não poderiam produzir, pela reprodução das cenas tão múltiplas e tão variadas da vida espiritual!


A citação retirada do artigo Influência perniciosa das idéias materialistas, em Obras Póstumas, reflete a confiança de Allan Kardec na força inspirativa dos princípios espíritas para a Arte.

Longe de querer uma doutrina particular disseminada como um bloco monolítico pelo mundo, o codificador do espiritismo esperava ver as idéias novas espalhadas por entre os povos e as culturas. Idéias de esperança, otimismo e fé na imortalidade da alma.

Idéias que garantissem a sustentação da alma frente às dores, aos conflitos e às incertezas do dia-a-dia. Que dessem o suporte necessário à espiritualidade humana, relegada a um plano secundário em face do encantamento das sociedades com o "progresso da Ciência".

Enviado por:
Romário Fernandes
Repórter e Apresentador profissional
Belo Horizonte/MG
(31) 9234-4330
e também pelo amigo
Luiz Carlos do Grupo de Estudos Espíritas " A Caminho da Luz "

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Caridade e Oração



O Centro Espírita Luiz Gonzaga ia seguindo para frente...

Certa feita alguns populares chegaram à reunião pedindo socorro para um cego acidentado.

O pobre mendigo, mal guiado por um companheiro ébrio, caíra sob o viaduto da Central do Brasil, na saída de Pedro Leopoldo para Matozinhos, preciptando-se ao solo, de uma altura de quatro metros.

O guia desaparecera e o cego vertia sangue pela boca. Sozinho, sem ninguém.

Chico alugou pequeno pardieiro, onde o enfermo foi asilado para tratamento médico. Caridoso facultativo receitou, graciosamente.

Mas o velhinho precisava de enfermagem.

O médium velava junto dele à noite, mas durante o dia precisava atender às próprias obrigações na condição de caixeiro do Sr. José Felizardo.

Havia, por essa época, 1928, uma pequena folha semanal, em Pedro Leopoldo.

E Chico providenciou para que fosse publicada uma solicitação, rogando o concurso de alguém que pudesse prestar serviços ao cego Cecílio, durante o dia, porque à noite, ele próprio se responsabilizaria pelo doente.

Seis dias se passaram sem que ninguém se oferecesse.

Ao fim da semana, porém, duas meretrizes muito conhecidas na cidade se apresentaram e disseram-lhe:

- Chico, lemos o pedido e aqui estamos. Se pudermos servir...

- Ah! como não? - replicou o médium - Entrem, irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade.

Todas as noites, antes de sair, as mulheres oravam com o Chico, ao pé do enfermo.

Decorrido um mês, quando o cego se restabeleceu, reuniram-se pela derradeira vez, em prece, com o velhinho feliz.

Quando Chico terminou a oração de agradecimento a Jesus, os quatro choravam.

Então, uma delas disse ao médium:

- Chico, a prece modificou a nossa vida. Estamos a despedir-nos. Mudamo-nos para Belo Horizonte, a fim de trabalhar.

E uma passou a servir numa tinturaria, desencarnando anos depois, e a outra conquistou o título de enfermeira, vivendo, ainda hoje, respeitada e feliz. 


Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A MEDICAÇÃO PELA FÉ




A moça abatida, num acesso de tosse, chegara ao "Luiz Gonzaga" com a receita médica.
Estava tuberculosa.

Duas hemoptises já haviam surgido como horrível prenúncio.
O doutor indicara remédios, entretanto...
- Chico, - disse a doente - o médico me atendeu e aconselhou-me a usar esta receita por trinta dias...

Mas, não tenho dinheiro. Você poderia arranjar-me uns cobres?
O Médium respondeu com boa vontade:
- Minha filha, hoje não tenho... E meu pagamento no serviço ainda está longe...

- Que devo fazer? Estou apavorada...
Chico pensou, pensou, e disse-lhe:
- Você peça à nossa Mãe Santíssima socorro e o socorro não lhe faltará.

A que horas você deve fazer a medicação?
- De manhã e à noite.
- Então você corte a receita em sessenta pedacinhos.
 Deixe um copo de água pura na mesa, em sua casa e, no momento de usar o remédio, rogue a proteção de Maria Santíssima.

Tome um pedacinho da receita com a água abençoada em memória dela e repetindo isso duas vezes por dia, no horário determinado, sem dúvida, pela fé, você terá usado a receita.

A enferma agradeceu e saiu.
Passado um mês, a moça surgiu no Centro, corada e refeita.
 - Oh! é você? - disse o Médium.

- Sim, Chico, sou eu. Pedi o socorro de Nossa Mãe Santíssima. Engoli os pedacinhos do papel da receita e estou perfeitamente boa.

- Então, minha filha, vamos render graças a Deus.
E passaram os dois à oração.


Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gomes


terça-feira, 21 de junho de 2011

A HISTÓRIA DA CHAVE


Com a saída do chefe da casa e dos filhos mais velhos para o trabalho e com a ausência das crianças na escola, Dona Cidália era obrigada, por vezes, a deixar a casa, a sós, porque devia buscar lenha, à distância.

Aí começou uma dificuldade.

Certa vizinha, vendo a casa fechada, ia ao quintal e colhia as verduras.

A madrasta bondosa preocupou-se.

Sem verduras não haveria dinheiro para o serviço escolar.

Dona Cidália observou... observou...

E ficou sabendo quem lhes subtraia os recursos da horta; entretanto, repugnava-lhe a idéia de ofender uma pesoa amiga por causa de repolhos e alfaces.

Chamou, então, o Chico e lembrou.

- Meu filho, você diz que, às vezes, encontra o Espírito de Dona Maria. Peça-lhe um conselho. Nossa horta está desaparecendo e, sem ela, como sustentar o serviço da escola?

Chico procurou o quintal à tardinha e rezou e, como das outras vezes, a mãezinha apareceu.

O menino contou-lhe o que se passava e pediu-lhe socorro.

D. Maria então lhe disse:

- Você diga à Cidália que realmente não devemos brigar com os vizinhos que sempre são pessoas de quem necessitamos. Será então aconselhável que ela dê a chave da casa à amiga que vem talando a horta, sempre que precise ausentar-se, porque, desse modo a vizinha, ao invés de prejudicar os legumes, nos ajudará a tomar conta deles.

Dona Cidália achou o conselho excelente e cumpriu a determinação.

Foi assim que a vizinha não mais tocou nas hortaliças, porque passou a responsabilizar-se pela casa inteira.

Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama


segunda-feira, 20 de junho de 2011

HUMORISMO MATERNO


 Auta de Souza, mãe de Chico Xavier


Em 1931, “mandar alguém para o inferno” constituía grave ofensa.

E um dos missionários católicos que visitaram Pedro Leopoldo naquela época, no zelo com que defendia a Igreja Romana, falou do púlpito que o Chico, o Médium espírita que se desenvolvia na cidade, devia ir para o inferno.

Chico, que freqüentara a Igreja desde a infância, ficou muito chocado.

À noite, na reunião costumeira, aparece a progenitora desen­carnada e, reparando-lhe a inquietude, pergunta-lhe, bondosa o motivo da aflição que trazia.

— Ah! estou muito triste, — disse o rapaz.

— Por que?

— Ora, o padre me xingou muito...

— Que tem isso? Cada pessoa fala daquilo que tem ou da­quilo que sabe.

— Mas a senhora imagine — clamou o Chico — que ele me mandou para o inferno...

O Espírito de Dona Maria sorriu e falou:

Ele mandou você para o inferno, mas você não vai. Fique na Terra mesmo.

O Médium, ante o bom humor daquelas palavras, compreendeu que não convinha dar ouvidos às condenações descabidas.

E o serviço da noite desdobrou-se em paz.



Livro: Lindos Casos de Chico Xavier - 22
Ramiro Gama

domingo, 19 de junho de 2011

UMA DÍVIDA PAGA PELO ALTO


 
José, o irmão de Chico, que fora por muito tempo seu orien­tador e dirigia as sessões do "LUIZ GONZAGA", adoece gravemente, e, sob a surpresa de seus caros entes familiares, desencarna, dei­xando ao irmão o encargo de lhe amparar a família.

Dias depois, o Chico verifica que o José lhe deixara também uma dívida, pois esquecera de pagar a conta da luz, na importância de onze cruzeiros.

Isto era muito para o pobre Médium, pois no fim de cada mês nada lhe sobrava do ordenado.

Pensativo, sentou-se à soleira da porta de sua casinha rústica e abençoada.

Emmanuel lhe diz:

- Não se apoquente, confie e espere.

Horas depois, alguém lhe bate à porta.

Vai ver.

Era um senhor da roça.

- O senhor é o seu Chico Xavier?

- Sim. Às suas ordens, meu irmão.

- Soube que seu irmão José morreu. E vim aqui pagar-lhe uma bainha de faca que ele me fez há tempos.

E aqui está a importância combinada.

Chico agradeceu-lhe.

E ficando só, abriu o envelope. Dentro estavam onze cruzei­ros... para pagar a luz.

Sorriu, descansado, livre de um peso.

E concluiu para nós: - "Que bela lição ganhei".

E nós: - Também para os que sabem olhar para os lírios dos campos, que não temem o amanhã, porque sabem que ele pertence a Deus. 


Livro: Lindos Casos de Chico Xavier - 31
Ramiro Gama

sábado, 18 de junho de 2011

O Entusiasmo Apagado



Em fins de 1927, o "Centro Espírita Luiz Gonzaga", então sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fez Presidente da instituição, estava bem freqüentado.

Muita gente.

Muitos candidatos ao serviço da mediunidade.

Muitas promessas.

José era irmão do Chico e na residência dele realizavam-se as sessões públicas nas noites de segundas e sextas-feiras.

Em cada reunião, ouviam-se exclamações como esta:

- Quero ser médium psicógrafo!...

- Quero desenvolver-me na incorporação!...

- Precisamos trabalhar muito...

- Não será interessante fundar um abrigo ou um hospital?

O entusiasmo era grande quando, em outubro do mesmo ano, chegou a Pedro Leopoldo, Dona Rita Silva, sofredora mãe com quatro filhas obsidiadas. Vinham ela e o irmão Saul, tio das doentes, da região de Pirapora, zona do Rio São Francisco, no norte mineiro.

As moças, em plena alienação mental, inspiravam compaixão. Tinham crises de loucura completa. Mordiam-se umas às outras. Gritavam blasfêmias. Uma delas chegara acorrentada, tal a violência da perturbação de que era vítima.

O Espírito de Dona Maria João de Deus explicou pela mão do Chico:

- Meus amigos, temos desejado o trabalho e o trabalho nos foi enviado por Jesus. Nossas irmãs doentes devem ser amparadas aqui no Centro.

A fraternidade é a luz do Espiritismo. Procuremos servir com Jesus.

Isso aconteceu numa noite de segunda feira.

Quando chegou a reunião da sexta, José e Chico estavam em companhia das obsidiadas sem mais ninguém...



Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Lição da Obediência




De novo reunido à família, Chico Xavier, fosse por que tivesse retornado à tranqüilidade ou por que houvesse ingressado na escola, não mais viu o Espírito da mãezinha desencarnada.

Entretanto, passou a ter sonhos...

À noite, no repouso, agitado, levantava-se do leito, conversava com interlocutores invisíveis e, muitas vezes, despertava pela manhã, trazendo notícias de parentes mortos, contando peripécias ou narrando sucesso que ninguém podia compreender.

João Cândido Xavier, a conselho da segunda esposa, que se interessava materialmente pela criança, conduziu Chico ao padre Sebastião Scarzelli, antigo vigário da cidade de Matozinho, nas vizinhanças de Pedro Leopoldo, que depois de ouvir o menino, por algumas vezes, em confissão, aconselhou João Cândido a impedir que o rapazelho lesse jornais, livros ou revistas.

Chico devia estar impressionado com más leituras - dizia o sacerdote - aqueles sonhos não eram outra coisa senão perturbações, porque as almas não voltam do outro mundo.

Intrigado por ver que ninguém dava crédito ao que via e escutava, em sonhos, certa noite, rogou, em lágrimas, algumas explicações da progenitora de quem não se esquecia.

Dona Maria João de Deus, apareceu-lhe no sonho, calma e bondosa, e o Chico deu-lhe a conhecer as dificuldades em que vivia.

Ninguém acreditava nele. - clamou.

Mas o conselho maternal veio logo.

- Você não deve exasperar-se. Sem humildade, é impossível cumprir uma boa tarefa.

- Mas, mamãe, ninguém acredita em mim...

- Que tem isso, meu filho?

Mas eu digo a verdade.

- A verdade é de Deus, e Deus sabe o que faz, - disse a generosa entidade.

Chico, porém, choramingou:

- Não sei se a senhora sabe, papai e o padre estão contra mim... Dizem que estou perturbado...

Dona Maria abraçou-o e disse:

- Modifique seus pensamentos. Você á ainda uma criança e uma criança indisciplinada cresce com a desconfiança e com a antipatia dos outros.

Não falte ao respeito para com seu pai e para com o padre. Eles são mais velhos e nos desejam todo o bem. Aprenda a calar-se. Quando você lembrar alguma lição ou alguma experiência recebidas em sonho, fique em silêncio. Se for permitido por Jesus, então, mais tarde virá o tempo que você poderá falar. Por enquanto, você precisa aprender a obediência para que Deus, um dia, conceda ao seu caminho a confiança dos outros...

Desde essa noite, Chico calou-se e Dona Maria João de Deus passou algum tempo sem fazer-se visível. 


Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O PRESIDENTE FRUSTRADO



A primeira sessão espírita no lar dos Xavier realizou-se em maio de 1927.

Em junho do mesmo ano, os companheiros dessa reunião cogitavam de fundar um núcleo doutrinário.

Era preciso fundar um Centro - diziam.

E, certa noite, num velho cômodo junto à venda de José Felizardo, onde o Chico era empregado, o assunto voltou a debate.

Na assembléia, estavam apenas dois companheiros espíritas, contudo, junto deles, uma das pessoas, sentadas, bebiam e comiam animadamente.

- Ah! um Centro Espírita? Boa idéia! - comentava-se.

- Apressemos a fundação!

- Faremos tudo por ajudar.

- Será para nós um sinal de progresso.

E, dentre as exclamações entusiásticas que explodiam surgiu a palavra de um cavalheiro respeitável, pedindo para que o Centro fosse instituído ali mesmo. Quem seria o Presidente? José Hermínio Perácio, o companheiro que acendera aquela nova luz do Espiritismo em Pedro Leopoldo, morava longe, a cem quilômetros de distância.

- Assumo a responsabilidade. A fundação ficará por minha conta.

Chamem o Chico. Ele poderá lavrar a ata de fundação. Serei o Presidente e ele terá as funções de Secretário.

Depois de breve conversação, o grupo recebeu o nome de "Centro Espírita Luiz Gonzaga".

Chico lavrou a ata que todos os presentes assinaram.

Mas, na manhã imediata, o cavalheiro que chamara a si a Presidência, voltou à venda de José Felizardo e pediu para que seu nome fosse retirado da ata, alegando: - Chico, você sabe que sou de família católica e tenho meus deveres sociais. Ontem, aquele meu entusiasmo pelo Espiritismo era efeito do vinho. Se vocês precisarem de mim, estou pronto para auxiliar, contudo, não posso aceitar o encargo de Presidente.

- Mas, e como ficaremos? - perguntou o Chico - eu sou apenas o Secretário.

- Você faça como achar melhor, mas não conte comigo.

E o Presidente saiu, deixando o Chico a pensar...


Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama

terça-feira, 14 de junho de 2011

TEMPORÁRIA SEPARAÇÃO


Continuando os "desequilíbrios" do Chico, em janeiro de 1920, João Cândido Xavier, seu pai, pediu ao padre que fosse mais exigente com a criança, no confessionário.

O sacerdote concordou com a sugestão...

Quando o vigário lhe ouvia as referências sobre as rápidas entrevistas com Dona Maria João de Deus, desencarnada desde 1915, falou-lhe francamente.

- Não meu filho. Isso não pode ser. Ninguém volta a conversar depois da morte. O demônio procura perturbar-lhe o caminho...

- Mas, padre, foi minha mãe quem veio...

- Foi o demônio.

Severamente repreendido pelo vigário, o menino calou-se, chorando muito.

O Sr. João Cândido Xavier, católico de Santa Luzia do Rio das Velhas deu razão ao padre.

Aquilo só podia ser o demônio.

Chico refugiou-se no carinho da madrasta, alma compreensiva e boa.

E Dona Cidália lhe disse:

- Você não deve chorar, meu filho. Ninguém pode dizer que você esteja perseguido pelo demônio. Se for realmente sua mãezinha quem veio conversar com você, naturalmente isso acontece porque Deus permite. E Deus estando no assunto ajudará para que isso tudo fique esclarecido.

À noite desse dia, Chico sonhou que reencontrava a progenitora.

Dona Maria abraçou-o e recomendou:

- Repito que você deve obedecer a seu pai e ao vigário. Não brigue por minha causa. Por algum tempo você não mais me verá, contudo, se Jesus permitir, mais tarde estaremos mais juntos. Não perca a paciência e esperemos o tempo.

Chico acordou em prantos.

Enxugou os olhos, resignado.

E, por sete anos consecutivos não mais teve qualquer contato pessoal com a mãezinha, para somente receber-lhe as mensagens psicografadas em 1927 e revê-la, de novo, pela vidência mais clara e mais segura, em 1931, quando mais familiarizado com o serviço mediúnico, ao qual se entregara de coração.


Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama