“O pensamento escolhe. A Ação realiza. O homem conduz o barco da vida com os remos do desejo e a vida conduz o homem ao porto que ele aspira a chegar. Eis porque, segundo as Leis que nos regem, a cada um será dado segundo suas próprias obras”.

(Emmanuel)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011




(foto de 1893)

Eusápia Paladino nasceu em Minervino, sul da Itália, no dia 31 de março 1854 e desencarnou no dia 9 de julho de 1918, na cidade de Nápoles, também na Itália. Foi primeira médium italiana, de efeitos físicos a ser submetida a experiências pelos cientistas da época, tais como César Lombroso, Alexandre Aksakof, Charles Richet e outros.
Era baixinha, rechonchuda e desalinhada, de belo tinha apenas o basto cabelo negro e expressivos olhos castanhos. Criada em Nápoles, era grosseira e analfabeta. Contudo às vezes intimidava os interlocutores, alguns de melhor situação social e intelectual ( a quem costumava dedicar um altivo desprezo) E tinha razão; era mesmo especial.
Sua mãe faleceu quando ela nasceu e o seu pai quando ela alcançou a idade de doze anos, fora morto por bandidos. 

As primeiras manifestações de sua mediunidade consistiram no movimento e levitação espontâneos de objetos, quando contava apenas quatorze anos de idade, registrados na casa de um amigo, com quem residia. Diz-se que já nesta idade experimentava fenômenos semelhantes aos de POLTERGEIST, que fazia com freqüência, móveis faziam barulho, mãos invisíveis puxavam suas cobertas à noite. Órfã, Eusápia foi pra Nápoles, já demasiado independente para aceitar a amizade dos adultos que tentaram protegê-la e alimentá-la. No início da adolescência como enfermeira e lavadeira, até encontrar sua verdadeira vocação.
Isto sucedeu de modo peculiar, aos vinte e três anos de idade, morava em Nápoles quando conheceu um casal que passou à história apenas como Senhor e Senhora G. Damiani, eles eram espíritas fervorosos. Certo dia Sra. Damiani encontrou o ubíquo fantasma de John King, que disse que uma poderosa médium chamada Eusápia viera à Nápoles e que através dela ele tencionava produzir fenômenos maravilhosos. O pirata deu até o endereço de Eusápia, e Sra. Damiani foi procurá-la para encomendar a sessão e assim que esta começou, John King chegou. Daí em diante ele ficou sendo o principal “CONTROLE” ou guia espiritual de Eusápia.
                                               (Eusápia faz levitar um bandolim em 25/11/1898)
A jovem napolitana tornou-se conhecida, embora desde o início suas sessões eram estranhas, mesmo por parâmetros mediúnicos. Fazia levitar instrumentos musicais, mesas e muitas outros objetos. Havia, por exemplo algumas curiosas materializações. Numa sessão em que clientes esperavam ver FLORES SURGIREM, Paladino produziu UM RATO MORTO. Ela era ireverente. 
                                    (Eusápia faz levitar um mesa em 25/11/1898)
Também tinha o hábito desagradável de materializar às avessas, por assim dizer. Em vez de surgirem objetos valiosos, ela os fazia desaparecer. Mais de um participante ficou sem relógio, o casaco, o chapéu, e ao voltar para casa encontravam ali o objeto perdido. Em outras ocasiões os objetos simplesmente desmaterializavam-se, mas sempre era encontrado nas residências de seus proprietários. 
Havia também o estilo peculiar de suas sessões. Eric J Dingwall, antropólogo e pesquisador britânico da paranormalidade, descreve com elegância cavalheiresca os “PAROXISMO HISTÉRICOS” a que a Eusápia era sujeita, seu olhar de “êxtase voluptuoso” e o brilho dos olhos e o sorriso de satisfação que devem Ter sido desconcertantes para os clientes mais recalcitrantes. 
Segundo Dingwall, depois das sessões Eusápia, por vezes, num estado de semi-sonolência, atirava-se nos braços dos homens da platéia, e comunicava seus desejos de contatos mais íntimos, de maneira que apenas os mais inocentes poderiam deixar de compreender. Este comportamento nada vitoriano levou alguns dos primeiros investigadores das atividades de Palladino, a concluir que seus poderes mediúnicos eram uma forma de energia sexual redirecionada.
(Cesare Lombroso)


Por volta do ano de 1888 tornou-se conhecida no mundo científico em virtude de uma carta do Prof. Ércole Chiaia enviada ao criminalista César Lombroso, relatando detalhadamente as experiências já realizadas por ele com a médium, carta essa publicada no jornal "Il Fanfulla dela Domênica". Entre outras, o missivista informava:
"A doente é uma mulherzinha de modestíssima condição social, com cerca de trinta anos, robusta, iletrada e cujo passado, porque vulgaríssimo, não merece ser esquadrinhado; que nada apresenta de notável, a não ser as pupilas de fascinante brilho e essa potencialidade, que os criminalistas diriam irresistível."
Em outro trecho da mesma missiva, afirmava:
"Quando quiserdes, essa mulherzinha será capaz de, encerrada numa sala, divertir durante horas, por meio de surpreendentes fenômenos, todo um grupo de curiosos mais ou menos céticos, ou mais ou menos acomodatícios."
Encerrava a missiva convidando o célebre alienista, a investigar, diretamente, os fenômenos por ele constatados na médium.
Três anos mais tarde, em 1891, Lombroso aceitou o convite, realizando, uma série de sessões com a médium. Esses trabalhos foram acompanhados por uma comissão em Milão, integrada pelos professores Schiaparelli, diretor do Observatório de Milão; Gerosa, Catedrático de Física; Ermacora, Doutor em Filosofia, de Munique, e o Prof. Charles Richet, da Universidade de Paris.
Além dessas sessões, muitas outras foram realizadas, com a presença de homens de ciência, não só da Europa, como também da América.
Morselli teve a oportunidade de observar cerca de 39 fenômenos; Fontenay conseguiu fotografá-la com as mãos presas por observadores, enquanto de sua cabeça saíam várias mãos.
Experiência impressionante foi a aparição, em 1902, de sua mãe em diversas sessões, uma figura com a mesma estatura e a mesma voz, na maioria das vezes chamando-o de "fiol mio", como era próprio de sua origem veneziana.
Lombroso, diante da evidência dos fatos, converteu-se ao Espiritismo, tendo declarado:

"Estou cheio de confusão e lamento haver combatido, com tanta persistência, a possibilidade dos fatos chamados espíritas."


A conversão de Lombroso deveu-se também ao fato de o Espírito de sua mãe haver-se materializado em uma das sessões realizadas com Eusápia.
Merece reportar um fato importante acontecido em 1890 com o eminente psiquiatra CESARE LOMBROSO. No final da Segunda sessão com Eusápia, aconteceu algo notável. A sessão terminou – aliás, não tinha sido das mais impressionantes – e as luzes da sala foram acesas. Lombroso levantou-se e passou a discutir com seus colegas os acontecimentos. Eusápia ainda estava amarrada com faixas de pano a uma cadeira, situada a cerca de meio metro à frente da alcova fechada por cortinas, que lhe serviam de gabinete mediúnico. De repente foram ouvidos ruídos dentro da alcova, como de alguma coisa raspando. As cortinas se agitaram, uma pequena mesa surgiu e moveu-se em direção da médium,
Lombroso e seus colegas pularam para dentro da alcova, certos de que havia algum comparsa empurrando-a , porém lá não havia ninguém, tampouco se percebia qualquer coisa amarrada à mesa, que pudesse puxá-la ou empurrá-la. Mesmo assim, a mesa só parou quando chegou até Eusápia. 
Lombroso ficou confuso, incapaz de explicar o que vira, tampouco podia negar o que havia visto. Mesmo não aceitando a hipótese mediúnica, o psiquiatra supôs que Eusápia sofria alguma perturbação mental, sobretudo considerando seu bizarro comportamento. Mas a questão da mesa ambulante permaneceu, fosse o que fosse parecia um legítimo evento paranormal. Lombroso ficou convencido e assim foi lançada a lenda de Eusápia, a Rainha do Gabinete. 

Em 1892, Lombroso e mais um punhado de eminentes pensadores chamaram Eusápia a Milão, para uma séria de sessões. Sempre temperamental, ela não aceitou certas condições que os investigadores queriam impor. Recusava-se a ficar em pé durante a levitação da mesa. Uma das proezas mais freqüentes. Segundo ela, o esforço psíquico para levantá-la fazia seus pés tremerem. Preferiam sentar-se, e de fato o fez. Em teoria os pesquisadores sempre estavam tocando os pés e as mãos de Eusápia. 
Eusápia fazia objetos que não estavam perto dela se arrastarem, cadeiras vazias arrumavam-se em volta da mesa, e às vezes acabavam em cima da mesa. A própria Eusápia, atada em sua cadeira, elevou-se do chão e foi para em cima da mesa. Os presentes sentiam uma brisa que vinha de lugar algum e toque de mãos invisíveis. Nós eram atadas e desatados em pedaços de barbantes. Um pesquisador teve seus óculos arrancados por uma força invisível. Em outra ocasião, os pesquisadores acenderam as luzes e encontraram Eusápia ainda amarrada a sua cadeira, usando o casaco de um deles. Depois disso tudo, a Comissão de Milão com apenas um voto sancionou os fenômenos de Eusápia com genuínos. 
Sir Oliver Lodge, professor de Filosofia Natural do Colégio de Bedford, Catedrático de Física da Universidade de Liverpool, Reitor da Universidade de Birmingham, e que foi, também, por longos anos, presidente da Associação Britânica de Cientistas, após as experiências realizadas com Eusápia, apresentou um relatório à Sociedade de Pesquisas da Inglaterra, dizendo, entre outras coisas:

"...qualquer pessoa, sem invencível preconceito, que tenha tido a mesma experiência, terá chegado à mesma larga conclusão, isto é, que atualmente acontecem coisas consideradas impossíveis... O resultado de minha experiência é convencer-me de que certos fenômenos geralmente considerados anormais, pertencem à ordem natural e, como um corolário disto, que esses fenômenos devem ser investigados e verificados por pessoas e sociedades interessadas no conhecimento da natureza."
Em 1894, Charles Richet também realizou várias sessões experimentais em sua própria residência, obtendo levitações parciais e completas da mesa, além de outros fenômenos de efeitos físicos.
Assim, o Voto Vencido fora de Dr. Charles Richet, professor de fisiologia francês, que alguns anos depois ganharia o prêmio Nobel. Fervoroso pesquisador da mediunidade, Richet a princípio não se convenceu dos poderes de Eusápia, mas continuou interessado, em 1984 convidou-a para ir a ILE ROUBAUD, uma ilha no sul da França, ali reuniu proeminentes detetives da paranormalidade, incluindo Frederic W.H Myers e Oliver Lodge, dois luminares da Sociedade para Pesquisa Psíquica (SPR em inglês).
Eusápia, no ambiente informal da ilha, ela apresentou gama de proezas, aparecia misteriosos objetos luminosos, e aromas especiais, instrumentos musicais que pareciam tocar sozinhos. E o mais espantoso, foi que pareceu expelir de seu corpo um tipo de pseudópodo, um terceiro membro capaz de agarrar e empurrar como uma mão. Para esta protuberância Richet cunhou o termo “ectoplasma”
Oliver Lodge e Frederic Myers ficaram impressionados e convidaram Henry Sidgwick Presidente da SPR, professor de Cambridge, e sua esposa Eleanor.
Em agosto de 1894, foram para o Castelo de Richet, perto de Toulon. Nas sessões, Henry Sidgwick e sua esposa seguravam as mãos de Eusápia e outro observador controlava os pés. Mesmo assim, Eusápia fazia proezas incríveis. Certa vez, um grande melão e uma mesa de junco elevaram-se de trás dela e pousaram na mesa da sessão. Também um piano que estava fora de seu alcance tocou algumas notas. Até Henry Sidgwick concluiu que os fenômenos eram paranormais. 
Um grupo de Cambridge liderada pelo cientista Richard Hodgson, advogado nascido na Austrália, iniciou uma pesquisa na casa de Frederic Myers, e Eusápia não gostava dos pesquisadores prepotentes e esnobes. Dr. Hodgson deu oportunidade de liberar os pés e as mãos e Eusápia aproveitou como era previsível e foi pega trapaceando. Assim o SPR declarou que Eusápia Palladino era uma trapaceira, sendo a conclusão oficial e encerrando o caso Palladino.

Mas Eusápia tinha simpatizantes, que a levaram para Paris e submeteu-se a investigação de um grupo de acadêmicos, incluindo Pierre e Marie Curie, que acabavam de ganhar o prêmio Nobel de física. O casal Curie elaboraram sistemas de monitoramento para detectar logros. Porém uma série de atuações assombrosas continuaram de 1905 à 1908. Objetos voadores fizeram curva sobre a cabeça de Pierre Curie.
No início do século Eusápia estava no auge da fama, era campeã de investigações feitas por estudiosos da Europa inteira. 
O astrônomo francês Camile Flammarion, Franco Porro da Itália, barão alemão Von Scherenck Notzing, físico interessado na psicologia anormal e o psiquiatra Enrico Morselli, estiveram em suas sessões mais parecendo clientes do que cientistas.
Em 1893 Eusápia várias promoveu LEVITAÇÕES em Varsórvia (Polônia), lá permanecendo durante o mês de janeiro de 1894. Nesta oportunidade, vários fenômenos_de_levitação aconteceram, entre os quais pinçamos o que foi narrado pelo DR JULIEN OCHOROWITZ, Professor de Psicologia na Universidade de Lemberg e Diretor do Instituto de Metapsíquica de Paris:
“Um fato raro e surpreendente, foi a levitação da médium, com a sua cadeira, para cima da mesa, sempre agarrada pelas mãos e pelos pés."
 
Em outra oportunidade, disse Eusápia em francês correto (língua que ela não conhecia): “Levantarei a minha médium ao ar”. “E, na realidade, foi levantada. Passando a mão por baixo de seus sapatos, pude constatar que entre estes e o soalho havia uma distância de várias polegadas”, observou Ochorowitz.
Finalmente, Eusápia Paladino vai a Agneles, na França, onde ficava a casa de campo do Dr. Ochorovitz, realizando, ali, memoráveis sessões de levitação, sob a supervisão do professor polonês, do Coronel ALBERT DE ROCHAS, o DR DARIEX, diretor da Revista “Annales des Sciences Psychiques” e outros. 
Em 1985, Eusápia vai a Paris, quando se levaram a efeito notáveis sessões de levitação, sob a orientação do CORONEL ALBERT DE ROCHAS e do DR_CHARLES_RICHET. Numa dessas sessões, uma mesa pesada elevou-se bruscamente debaixo das mãos dos experimentadores até à altura de suas barbas, ficou nessa posição durante algum tempo, apesar de todos os esforços em fazê-la descer, e depois caiu com estrondo. Um dos presentes, o DR SULLY-PRUD’HOMME, da Academia Francesa, viu um mocho (banco) de arquiteto, muito pesado, avançar sozinho para ele: “Roçou-me o lado esquerdo, elevou-se à altura da mesa, e veio pousar-lhe em cima”.
A vingança de Eusápia - Em 1908, a SPR enviou três investigadores, especialistas de médiuns fraudulentos, Everard Feilding, filho do conde Denbigh. Era um cético com notável carreira em desmistificações. Hereward Carrington, escrevera a mais detalhada análise sobre médiuns falsos. Wortley Baggally era um experiente mágico que afirmava Ter investigado todos os médiuns e concluindo de que eram impostores.
Feilding compilou relato minuto por minuto, descreveu façanhas psicocinéticas e outras maravilhas – mãos desencarnadas, rostos que pareciam feitos de teia de aranha, cintilantes luzes de azul esverdeado, circundavam a médium estranhos pseudópodos que Feilding descreveu com “curiosas coisas negras e cheia de calombos, com umas couve-flores nas extremidades. O Trio que fora apanhar a Eusápia e desmacará-la, convenceram que os fenômenos eram genuínos.

(Pesquisa de Dr. Frederick Hudson, foto exposta no The New York Metropolitam Museum Art)
Eusápia visitou a América do Norte em 1910. Na cidade de Nova York, Howard Thurston e um assistente controlaram as mãos e os pés da médium em boa luz, durante uma sessão. Após os trabalhos, Howard declarou categoricamente:
"Fui testemunha pessoal das levitações da mesa da senhora Paladino... e estou absolutamente convencido de que os fenômenos que vi não eram devidos à fraude e não foram executados nem por seus pés, nem por seus joelhos ou mãos."
No EUA participou de uma turnê e tornou-se uma curiosidade circense. Fez muitas bobagens, e retornou a Europa e caiu na obscuridade.
A mediunidade de Eusápia Palladino marca um período luminoso na história das pesquisas psíquicas. Podemos dizer que nenhum médium, em todo mundo, foi mais duramente examinado do que essa mulher. Eusápia, com humildade, submeteu-se aos mais rigorosos exames, para provar a legitimidade dos seus múltiplos dons mediúnicos.
Eusápia Palladino morreu pobre, porque do pouco que possuía distribuía com os pobres e com as crianças. Ela sabia sentir as desventuras dos desgraçados. Tinha um grande coração e fez da caridade o seu maior título de glória. Por isso, a médium faleceu na pobreza, uma vez que do pouco que possuía sempre distribuia com os pobres no pleno exercício da caridade.
Referências Bibliográficas: 
1. EVOCAÇÃO DOS ESPÍRITOS. Espíritos materializados. In:___. Coleção: Mistérios do Desconhecido. 1 ed. Rio de Janeiro: Editores de Time-Life Livros. Abril Livros, 1991;

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