“O pensamento escolhe. A Ação realiza. O homem conduz o barco da vida com os remos do desejo e a vida conduz o homem ao porto que ele aspira a chegar. Eis porque, segundo as Leis que nos regem, a cada um será dado segundo suas próprias obras”.

(Emmanuel)

domingo, 12 de junho de 2011

Solidão Aparente



Em meados de 1932, o "Centro Espírita Luiz Gonzaga" estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio Perácio, D. Cármen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier e o Chico.

Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto.

Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos da vida familiar.

O grupo ficou limitado a três companheiros.

D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos.

José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento.

Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a freqüência ao grupo, pelo menos, por alguns meses.

Vendo-se sozinho, o Médium também quis ausentar-se.

Mas, na primeira noite, em que se achou a sós no centro, sem saber como agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse:

- Você não pode afastar-se. Prossigamos em serviço.

- Continuar como? Não temos freqüentadores...

- E nós? - disse o espírito amigo. - Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de esclarecimento e consolo. Abra a reunião na hora regulamentar, estudemos juntos à lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho.

Foi assim que, por muitos meses, de 1932 a 1934, o Chico abria o pequeno salão do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto.

Em seguida, abria o "Evangelho Segundo o Espiritismo", ao acaso, e lia essa ou aquela instrução, comentando-a em voz alta.

Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior lucidez.

Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento.

Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel.

Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho...

E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas-feiras.


Livro: Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama

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