“O pensamento escolhe. A Ação realiza. O homem conduz o barco da vida com os remos do desejo e a vida conduz o homem ao porto que ele aspira a chegar. Eis porque, segundo as Leis que nos regem, a cada um será dado segundo suas próprias obras”.

(Emmanuel)

sábado, 5 de março de 2011

O Enigma do Mal (1ª parte)

Na maneira de se posicionar diante daquilo que chamamos o mal,

a Antroposofia se diferencia da grande maioria das doutrinas e

cosmovisões. Isto é conseqüência de vários fatores, entre eles:

· a evolução da semântica do próprio termo “mal“;

· grau de consciência do que é “bem“ e “mal“;

· conceito filosófico do “mal”, seja este considerado a polaridade abominável do que consideramos como ser o “bem”, ou sejá como um desvio, para a direita ou para a esquerda,do caminho do meio, chamada também a senda dourada.

Existe um ditado que diz: O mal é um bem no lugar, no momento ou na forma errada. Isto significa que aquilo que definimos com mal, não sempre é algo mau. Uma mordida num sanduiche é uma coisa, uma na mão do companheiro é outra. Aliás, o mesmo acontece com o que chamamos de sujeira, Um fiapo no chão da cozinha é sujeira, enquanto que o mesmo fiapo na mão do tecelão é matéria prima útil. Assim também um certo ato ou jeito de se vestir representa algo bem diferente se ele é executado por uma criancinha, um índio em pleno Amazonas ou por um cidadão na avenida Paulista. Dar uma gargalhada no circo é absolutamente apropriada, enquanto que a mesma gargalhada durante um velório seria no mínimo uma grande falta de respeito.

Uma mudança drástica do “código de ética“ aconteceu primeiramente através de Moisés e mais uma depois através do Cristo. As Leis Mosáicas são um símbolo para algo que, infelizmente até hoje, muitas vezes se faz necessário: A lei advinda de fora, em forma de imposição. Já a Lei Crística não impõe nada, mas apela à própria maturidade e vontade de amadurecer do ser humano interior. O seu verdadeiro sentido estamos começando a entender faz mais ou menos cem a centocinqüenta anos atrás. A lei mosáica ainda não pressupõe o livre arbítrio. A lei crística é concebida para este livre arbítrio crescer com ela. Moisés falava para o ego dos homens. O Cristo falava para os eus dos homens.

Na medida que adquirimos esse tão necessário livre arbítrio, também o conceito do mal e do bem se metamorfoseia. O “ignorante” pode considerar o ato mau simplesmente como um ato errado, e até um certo ponta ainda tem razão. Porém quem desenvolveu uma própria maturidade não pode mais se esconder por detrás do “eu não sabia“. A prestação de contas será outra. Não estou falando aqui de culpa, pois ali entraríamos num capítulo mais complexo ainda.

E há uma outra diferença fundamental que evidencia esta mudança do mal ”ignorante” para o mal consciente. A lei mosáica, atuando de fora e para cima do ser humano, respectivamente do seu ego, coloca-o numa dualidade: Eu obedeço, então sou bom, eu não obedeço, então sou mau. Esta estratégia foi usada e abusada nestes 2000 anos após a passagem do Cristo pela Terra, revelando-se muitas vezes que o verdadeiro mau era o cobrador dos atos bons.

Adquirindo o livre arbítrio, isto é, identificar-nos com o nosso verdadeiro eu, postra-se diante de nós um novo desafio: não somente discernir entre o mal e o bom, mas entre 2 males e o bom. Como entender isto? O nosso eu é como um mastro. Ele pode tombar paara um lado ou para outro. Para estarmos bem, tanto faz em qual nível, precisamos estar no plumo, no equilíbrio. Como pode-mos verificar se o caminho, a atitude, o interessse, etc estão ancorados neste nosso eixo central, chamado eu? Superficialmente podemos responder: simplesmente não cair nos extremos. Certo; mas quais são os extremos? O que para uma pessoa pode ser um extremo, não necessariamente o é para uma outra. Ali entra novamente o julgamento individual, baseado em nosso equilíbrio interior, por sua vez “monitorado“ por uma capacidade de pensar lucidamente.

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